Memórias do cinema de rua - Di Moretti

Sala de cinema, uma vida e nada mais...

Por Di Moretti - Jornalista, professor de roteiros cinematográficos, cineasta e roteirista.

1.º ATOTESTEMUNHA DE ACUSAÇÃO

Em meados da década de 60, com 5 anos de idade, fui convencido, por minha mãe, a abandonar minha bola de capotão no quintal e ir correndo conhecer uma novidade no bairro, uma sala de cinema. Segundo ela, eu iria ter uma tarde muito divertida e incomum. O cine Júpiter, na Penha, zona leste de São Paulo, estava exibindo “Bambi”, dos estúdios Disney. Entre um saco de pipoca e um puxa-puxa Zorro, a única coisa que me lembro é de chorar copiosamente, abatido pela morte da “mãe do Bambi”. Além da decepção com minha mãe, que me prometera uma tarde feliz, fiquei absolutamente surpreso de como aquele feixe de luz que vinha de um troço grande de metal escuro, chamado projetor, batia naquele pano branco todo esticado, chamado tela, podia ser capaz de mexer tanto comigo a ponto de me fazer cair em lágrimas. Como este negócio esquisito, chamado cinema, podia mexer tanto com uma pessoa a ponto de tirá-la de sua zona de conforto e fazê-la se assustar, rir, chorar, sentir raiva, compaixão, amor...  Aquelas imagens projetadas naquele tecido chacoalharam meus sentimentos e minha vida para sempre.



Esta experiência de ir a esta sala escura, quase toda semana, esperando as estreias das sextas-feiras, virou um ritual de passagem, da minha infância e da minha adolescência. Logo coloquei na cabeça que queria fazer essa coisa chamada cinema, que queria fazer as pessoas se emocionarem, tanto quanto eu me emocionei quando a mãe do Bambi foi morta brutalmente por um caçador desalmado.

Ainda não sabia muito bem em que função e nem como iria sobreviver financeiramente com este sonho impreciso. Naquela altura apenas havia descoberto que eu tinha duas paixões na vida, livros e filmes, e que a carreira de roteirista reunia estas duas coisas. E, lá se vão mais de 30 anos de profissão testemunhando esta pequena epifania infantil.

2.º ATOO PECADO MORA AO LADO

Tanto quanto “Bambi” marcou definitivamente minha infância, o cinema me formou como homem adulto. Digo, não em detrimento da boa educação que recebi do Seu Nelson e da Dona Mina, que os filmes me moldaram como ser humano. Foram as historinhas que meus titios Kubrick, Scorsese, Glauber, Billy, Kurosawa, Nelson, Coppola, Carlão, Scola... me contavam, em várias salas de cinema feias, sujas e malvadas.

Como não reconhecer que era também a época da explosão da minha libido, da minha curiosidade sexual e, de novo, pude contar com a ajuda do pessoal do cinema para resolver este novo probleminha.

Nos anos 70, me mudei para São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e passei grande parte da minha adolescência em sessões de filmes que já não eram mais assim tão infantis e ingênuos. Os inocentes personagens da Disney deram lugar a belas e talentosas atrizes, verdadeiras professoras de qualquer primeira noite de um homem: Sonia, Sharon, Leila, Susan, Marilyn, Helena, Sofia, Ornella... Personagens e filmes que testavam o poder do meu império dos sentidos. Como esquecer a estranha sessão de “Laranja Mecânica”, no cine Hawaí, em Bernô City, onde por causa da ridícula censura da época, tarjas pretas perseguiam as partes pudendas da personagem abusada pela gangue de Alex?

Novamente, o cinema se dizia presente no meu destino, tendo aquela conversa intima e fundamental sobre sexo que meu pai nunca teve coragem de ter comigo. Mas, também foi este mesmo pai que me presenteou, no meu aniversário de 14 anos, com uma câmera super 8 Canon e tudo aquilo que até aqui era teoria virou realidade, em despretensiosos curtas metragens. Com esta câmera na mão e muitas ideias na cabeça, comecei a me aventurar do outro lado daquele grande pano branco esticado. Sai da confortável posição de público observador, sentado na poltrona de courvin, e resolvi me aventurar por trás da máquina de escrever que fazia nascer as histórias dos filmes.

3.º ATOPACTO DE SANGUE

Hoje em dia, mais velho, mais acomodado e porque não dizer mais preguiçoso, a experiência de ir ao cinema tem sido cada vez mais rara. Não só pela comodidade do streaming, mas sim porque ir uma sala de cinema hoje é uma aventura muitas vezes arriscada e imprevisível. Vivemos tempos de intolerância, celulares ligados, conversas fiadas e uma total falta de respeito com o outro, sentado ao seu lado. Tudo aquilo que o cinema me ensinou parece ter se perdido completamente.


Testemunhei as grandes salas de cinema de São Paulo irem morrendo pouco a pouco: Metrópole, Comodoro, Majestic, Marrocos, Astor... Felizmente, ainda existem alguns poucos bravos guerreiros que tentam manter este sonho em pé: Adhemar, Jean Tomas, André... Heróis da resistência e da persistência que a cada dia são feridos brutalmente pela especulação imobiliária, pela ganância dos grandes conglomerados de mídia, pela ausência de uma politica de incentivo ao cinema nacional...


Como disse anteriormente, eu fui criado como ser humano e profissional nestas salas de cinema espalhadas pelas ruas da capital paulista e ver esta paulatina destruição me abala profundamente. Fico pensando nas gerações futuras que não vão ter a oportunidade de tirar um ticket na bilheteria, não vão comprar um Mentex com a baleira, não vão ser guiados a sua poltrona por um simpático lanterninha, não vão tirar sarro na última fileira da sala, não vão se assustar com os labirintos mal iluminados do Stanley Hotel, não compreender o drama de Michael em substituir seu pai, não vão tentar resistir aos atrativos pueris de Lolita, não vão se emocionar com a saga de Dora atrás do pai de Josué...




A experiência de ir ou estar numa sala escura é um verdadeiro pacto de sangue que nós, espectadores, celebramos com o cinema. Doamos duas horas de nosso dia para que esta mágica possa acontecer e mudar nossa vida completamente.


Foto do cine Comodoro Cinerama: Site São Paulo Antiga

O nascimento de um cinéfilo: uma autobiografia

Por Antonio Ricardo Soriano

Os filmes de Jerry Lewis, na Sessão da Tarde, as reprises de A Fantástica Fábrica de Chocolate ou, até mesmo, os antigos seriados de TV, como Viagem ao Fundo do Mar, me despertaram um grande interesse pelos filmes logo na infância. Aguardava com ansiedade a chegada das férias escolares para poder assistir aos muitos filmes que passavam no Festival de Férias nas tardes da TV. Isso nos anos de 1970 quando o VHS não havia chegado ao Brasil.




Quem me levou pela primeira vez ao cinema foi meu pai. Assistimos juntos Se Meu Fusca Falasse e filmes de Os Trapalhões em cinemas próximos de casa, como o cine Nacional (no bairro da Lapa) e os cines Haway e Flórida (no bairro de Perdizes).

Mas foi em 1980, quando eu tinha apenas 10 anos de idade, que a paixão pelo cinema se manifestou. Meu tio Gilberto me levou para assistir ao filme Xanadu, com Gene Kelly e Olivia Newton-John, no melhor cinema de São Paulo: o Comodoro Cinerama. Foi ali que tive, pela primeira vez, a experiência do cinema espetáculo. Um musical maravilhoso visto numa tela gigantesca e com som de extrema qualidade, que só o cine Comodoro podia nos proporcionar. O filme me despertou a curiosidade de pesquisar sobre cinema, na época apenas em jornais e revistas.

Lobby card do filme Xanadu (1980)


Em seguida tive novas e agradáveis experiências no cine Comodoro, como as exibições de E. T. - O Extra-Terrestre, Tron – Uma Odisseia Eletrônica, Jogos de Guerra, Indiana Jones e o Templo da Perdição e De Volta para o Futuro. Nesse período, passamos a ter nas bancas de jornal, uma revista especializada em cinema, a Cinemin, que vinha do Rio de Janeiro. Uma excelente revista com rico conteúdo sobre as novidades do cinema e sua história.  

Interessante dizer que, talvez, aquela minha recente paixão pelo cinema acabou influenciando e motivando o meu tio Gilberto. Ele também se interessou mais por cinema e, a partir daí, passou a comprar livros, revistas e discos com a trilha sonora de filmes.

Meu tio Gilberto (in memoriam)


Passei a dividir a paixão pelo cinema com a música. Em 1981, uma grande banda de rock britânica veio pela primeira vez ao Brasil: era Freddie Mercury e sua banda Queen. O show foi transmitido ao vivo pela Bandeirantes FM e eu gravei tudo em duas fitas cassetes. O Rock & Roll passava a ser o meu ritmo musical preferido.

Em 1983, senti pela primeira vez a “presença da Força” assistindo ao filme O Retorno de Jedi no cine Ouro (no Largo do Paissandú), o sexto episódio da saga Star Wars. Depois, precisei aguardar a reprise de Guerras nas Estrelas e O Império Contra Ataca pela TV aberta.

A curiosidade e as pesquisas sobre cinema aumentaram. Em 1985, tive a ideia de fazer um jornal sobre o tema, talvez, influenciado pelo farto material que meu tio havia adquirido. A ideia surgiu em um sonho e, ao acordar, fiz os primeiros esboços. Algo bem simples, com colagens de notícias de jornais.

Apresentei o jornal aos meus primos Roberto e Marcos Gabler, que logo se interessaram. O Marcos já trabalhava na área de publicidade e se ofereceu para fazer o design gráfico do jornal. Estimulados, eu e o Roberto combinamos de pesquisar e redigir textos para o jornal que teve o nome escolhido no mesmo dia: Cine Fanzine.

Os números 1 e 2 do Cine Fanzine


Como ainda não existia a internet, essas pequenas publicações, chamadas de fanzine (fan + magazine) eram bem cultuadas.

O Cine Fanzine acabou ficando bem atraente e com bom conteúdo textual. O primeiro número foi lançado no início de 1986 e teve uma tiragem bem pequena que foi distribuída no Cineclube Oscarito. Em seguida, alguns exemplares foram enviados através de cartas aos associados do The Pictures Club, um fã-clube de cinema também criado por nós. Um exemplar do fanzine acabou chegando à redação de jornalismo da TV Cultura, que nos chamou para duas entrevistas: uma ao vivo, no programa especializado em cinema Imagem & Ação e outra gravada, no programa de variedades Panorama.

Entrevista ao vivo no programa Imagem & Ação da TV Cultura


O lançamento do fanzine culminou com a chegada do videocassete em minha casa. Que alegria! Começavam ali as maratonas de filmes durante os finais de semana. Cheguei a ficar sócio da recém-lançada 2001 Vídeo Locadora (na Av. Paulista) para locar clássicos do cinema. Os lançamentos ficavam por conta das locadoras do bairro.

Lançamos o nº 2 do Cine Fanzine em setembro de 1986 e já preparávamos o terceiro quando tivemos que cancelar o projeto por motivos profissionais. Um ciclo criativo de minha adolescência terminava, cedendo lugar para a fase adulta.

A partir dos anos de 1990, acompanhei com tristeza o fechamento de quase todos os cinemas de rua que frequentei e outros que acabaram mudando a programação para filmes pornográficos. A Cinemark trouxe suas micros-salas de cinema para os shoppings e, logicamente, não me encantaram. Passei um longo período longe dos cinemas, mas não das vídeo-locadoras. Acompanhei o cinema através dos lançamentos em VHS e, depois, dos DVD’s.

Os anos se passaram, casei e tive uma linda e encantadora filha. Foram anos muito felizes e, também, de muito trabalho.

Em 2003, tive a felicidade de começar a trabalhar na biblioteca do Colégio Dante Alighieri. Passei a ter acesso diário a muitas informações culturais. Foi uma inspiração enorme para começar a concretizar mais uma grande ideia.

Sentia saudades daqueles incríveis momentos no cine Comodoro, lá nos anos de 1980, e a ideia de homenagear esse cinema passou a ser uma constante. Pesquisava na internet e não encontrava quase nada sobre o cinema. Apenas dois textos incríveis: um do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho e outro do carioca e professor João Luiz Vieira.

O cine Comodoro Cinerama


A ideia inicial era pesquisar e guardar tudo que eu pudesse encontrar sobre o cine Comodoro e, mais tarde, publicar um livro. Em 2007, minha amiga bibliotecária e escritora Roseli Pedroso, mostrou-me a ferramenta Blogger para a criação de blogs. Ela estava criando o seu blog sobre biblioteconomia, o Bibliotequices & Afins.

Era o que faltava para se homenagear o cine Comodoro! Rapidamente comecei a criar o meu primeiro blog.

Minha esposa iniciou uma Pós-graduação no Mackenzie e passei a levá-la. No aguardo do término das aulas, aproveitava o tempo livre para fazer pesquisas na biblioteca de arquitetura da universidade. Foi quando consegui um volume enorme de fotos e informações sobre os antigos cinemas de São Paulo. 

Fiquei fascinado com a qualidade do material adquirido e a ideia de homenagear o cine Comodoro se ampliou. O blog, agora, passava a contar a história de todos os antigos e atuais cinemas de São Paulo. O blog Salas de Cinema de São Paulo acabava de ser criado!

O início foi muito difícil. Tinha muito material e pouco tempo para publicar. Tive que fazer uma grande mudança no blog: dividi-lo em dois - ou melhor, criar mais um: o blog Salas de Cinema de São Paulo - Banco de Dados. Não dava para misturar as informações de cada cinema com textos (crônicas, memórias, biografias, etc.). Demorou um ano para que o layout dos dois blogs fosse concluído.

Tenho muito orgulho de ter criado os sites 
Salas de Cinema de São Paulo! Agora com os domínios adquiridos. 
As páginas já possuem uma enorme quantidade de informações sobre a história dos cinemas de São Paulo e são cultuadas por pesquisadores, universitários e amantes da sétima arte.

Recentemente, de 2013 a 2018, voltei a frequentar os cinemas. 
Desta vez, na região da Av. Paulista, semanalmente, nos dias do rodízio do meu carro. Uma deliciosa e inesquecível maratona de mais de 160 filmes assistidos!

A experiência de assistir os filmes no cinema é infinitamente superior a assisti-los em casa.

Deixo aqui, nesse texto, um pouco de minha trajetória com o mundo do cinema. Um mundo de histórias reais e fictícias que nos emocionam. A chamada Sétima Arte que, para mim, é a soma de todas as artes!

Uma Rua Chamada Cinema, de Sergio Poroger

Exposição fotográfica de Sergio Poroger realizada nos meses de maio e junho de 2024, no Museu da Imagem e do Som - MIS.

Saiba mais:
Para adquirir fotografias desta exposição em impressão especial, fale diretamente com Sergio Poroger: (11) 3289.2699

















Cine Belas Artes: um passeio por sua história

Por Antonio Ricardo Soriano e Luiz Carlos Pereira da Silva
Colaboração: Roseli Venancio Pedroso 
(Bibliotecária, escritora e blogueira)




INAUGURAÇÃO - CINE TRIANON

O cinema foi inaugurado em 14/07/1956 com o nome de cine TRIANON. Possuía apenas uma sala com cerca de 1400 lugares (plateia e balcão) e era administrado pela Cia. Cinematográfica Serrador Ltda. Em sua inauguração foi exibido o filme "Eles Se Casam Com as Morenas", com Jane Russel e Jeanne Crain. Estavam presentes o gerente e o diretor da Cia. Serrador, João Zeron e Dr. Florentino Llorente. Contava com aparelhos de projeção Simplex para os sistemas CinemaScope, Vista-Vision, SuperScope e Naturama e o som era estereofônico. O prédio era de propriedade de Phelippe Azer Maluf.






















REINAUGURAÇÃO - CINE BELAS ARTES

O cine TRIANON foi inteiramente reformado e reinaugurado em 14/07/1967 (aniversário de 11 anos do cinema), com novo nome: BELAS ARTES. Com a instalação de novas poltronas, a capacidade do cinema diminuiu para cerca de 1200 lugares. O filme inaugural foi "Os Russos Estão Chegando" (1966), de Norman Jewison, indicado ao Oscar em quatro categorias e ganhador do Globo de Ouro na categoria de Melhor Comédia e Melhor Ator de Comédia (Alan Arkin), além da indicação de Melhor Roteiro (William Rose).

O 'cinema de arte' passou a predominar a programação do cine Belas Artes, organizada pela Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC), criada em 1962, para apoiar a Fundação Cinemateca Brasileira. O presidente da SAC, Dante Ancona Lopez (1909-1999), havia selado um acordo com a Cia. Serrador, pelo qual se responsabilizava administrativa e artisticamente pelas projeções a serem realizadas na nova sala de espetáculos.

Dante Ancona Lopez era conhecido por trazer o 'cinema de arte' a São Paulo (quando fundou o cine Coral, em 17/09/1958, na Rua 7 de Abril, 381) e já havia feito, acertadamente, a mesma experiência de levar filmes alternativos a dois cinemas menores, Scala e Picolino, também em parceria com a Cia. Serrador, razão pela qual as duas partes decidiram levar a experiência a uma sala maior.

Na cerimônia de anúncio a imprensa da inauguração do cine Belas Artes, em 12/04/1967, Dante Ancona Lopez declarou:

“Quando começamos a experiência dos cines Scala e Picolino, pensávamos ter que fazer certas concessões ao gosto do público, exibindo fitas que, não sendo meramente comerciais, não tinham padrões excepcionais de qualidade. Atualmente, verificamos que esses filmes já não satisfazem ao público que se acostumou a exigir um alto nível artístico de nossa programação. “A Passageira”, 
de Munk, que atualmente está sendo exibida naqueles cinemas – e cujo lançamento nos parecia um pouco perigoso – está tendo a melhor das repercussões. O fato é que, em sua tentativa de estabelecimento de um 'cinema de arte', a SAC foi bem-sucedida, o que em muito motivou a decisão acertada da Empresa Serrador de adotar São Paulo de um verdadeiro 'cinema de arte'. Continuaremos, pois a exibir uma programação que tenha grande categoria cultural. As sessões especiais de segundas-feiras, que vem sendo realizadas no Picolino, às 22h30, serão no cine Belas Artes, complementadas por outras manifestações artísticas. Ao invés de se limitarem a exibição de filmes de boa qualidade, que se perderam por lançamentos mal feitos, ou que não disponham de um público convencional, essas sessões serão precedidas de concertos corais e de câmara, recitais, palestras, debates, espetáculos teatrais e coreográficos”.

As apresentações não cinematográficas serviam, também, de complementação a filmes de importância artística que não tinham a duração convencional de 90 minutos ou mais. A ideia era adequar o cine Belas Artes ao lema da SAC: 
“ESPETÁCULO, POLÊMICA E CULTURA”.

















Já, Fiorentino Llorente, diretor da Cia. Cinematográfica Serrador e conselheiro-fundador da SAC declarou, em junho de 1967:

“A decisão da Cia. Serrador, de instalar um grande cinema devotado ao filme de arte, foi ditada pela necessidade de São Paulo ser possuidora de uma sala de grande categoria com programação especial, a exemplo do que acontece em outras cidades do mundo. A experiência feita no Picolino mostrou ser possível a implantação junto ao público de um novo repertório de fitas, graças a um sistema novo de promoções. O filme de arte que, antes, era um verdadeiro tabu para o exibidor, hoje, graças a ação de cinematecas, cineclubes, imprensa especializada, realizadores nacionais, debates e estudos nos meios estudantes, exibidores e distribuidores mais esclarecidos, e até mesmo solicitado por uma plateia em formação e que, em matéria de qualidade artística, é mais exigente. É muito proveitosa a aproximação entre a Cia. Serrador e a Sociedade Amigos da Cinemateca, com sua indispensável assessoria cultural”.

No 1º andar do Belas Artes, funcionava a secretaria e a biblioteca da SAC, além de uma galeria com exposições permanentes. No hall de entrada, stands com os últimos lançamentos de livros e discos de vinil. Havia, também, um pequeno palco com iluminação e sistema de som, adequados para realizar pequenos espetáculos de teatro, música e dança, além de palestras e conferências.

Os primeiros filmes exibidos no Belas Artes foram: "O Anjo Exterminador", de Luis Buñuel, "A Carroça", de Karel Kachina, "Pedro, o Negro", de Milos Forman, "Os Cachimbos do Adultério", de Voitech Jasny e "O Acusado", de Jan Kadar e Elmar Klos. Devido à grande capacidade de lotação do Belas Artes, as produções exibidas ali não podiam ser só para um público restrito, por isso, eram escolhidos filmes que atendiam os objetivos culturais da SAC e que podiam, ao mesmo tempo, chamar a atenção de um grande público.

Em 07/08/1970, o Belas Artes foi dividido em duas salas: a Villa-Lobos (com 630 lugares) e a Cândido Portinari (no local do antigo balcão ou plateia superior, com 508 lugares).






















A terceira sala foi inaugurada no subsolo do Belas Artes, em 05/12/1975, com nome de Mário de Andrade. O programador Dante Ancona Lopez decidiu utilizar as salas do térreo e do 1º andar para exibir filmes mais populares e reservar a do subsolo para ciclos e mostras especiais.













Em 1981, os fiscais da Prefeitura apontam irregularidades nas salas de exibição do cinema. A Cândido Portinari possuía paredes revestidas de madeira, a Villa-Lobos tinha escadas estreitas e sem sinalização e a Mário de Andrade tinha apenas uma saída de emergência. O cinema permaneceu aberto e teve prazo de vinte dias para realizar as mudanças exigidas.

INCÊNDIO

Um incêndio destruiu na madrugada de 10/05/1982, as instalações das duas maiores salas do Belas Artes. Primeiro a Portinari, em seguida, a Villa-Lobos. A equipe de bombeiros teve dificuldades de acessar o interior do cinema devido à elevada temperatura, agravada pelas paredes de concreto que impediam a dissipação do calor. O fogo se alastrou rapidamente graças aos materiais de fácil combustão existentes no cinema, como poltronas, carpetes, cortinas e isolantes acústicos. Até os projetores foram destruídos. A sala Mario de Andrade nada sofreu. Mesmo com salas estando ainda em situação irregular perante a Prefeitura, a perícia concluiu que o incêndio teria sido criminoso, pois foram arrombados portas e cofre.


















Na ocasião, os cartazes anunciavam: “Bodas de Sangue”, de Carlos Saura (na sala Villa-Lobos), “Crônica do Amor Louco”, de Marco Ferreri (na Cândido Portinari) e “A Mulher do Lado”, de François Truffaut (na Mário de Andrade).

REABERTURA

O Belas Artes foi reaberto para convidados em 01/06/1983 e, para o público em geral, em 02/06/1983, totalmente reformado e, agora, dividido em seis salas, cada uma batizada com o nome de um artista brasileiro. Duas salas no subsolo, Carmen Miranda e Mário de Andrade; duas no térreo (local da antiga plateia, dividida ao meio), Oscar Niemeyer e Aleijadinho; e duas no primeiro andar (local do antigo balcão e sua sala de espera), Cândido Portinari e Villa-Lobos. Cada sala com infraestrutura própria: sala de espera, banheiros e saídas de emergência.










Desta vez, os cartazes de rua anunciavam: “Danton, o Processo da Revolução”, de Andrzej Wajda (Villa-Lobos); “Retratos da Vida”, de Claude Lelouch (Cândido Portinari); “Sargento Getúlio”, de Hermano Penna (Oscar Niemeyer); “Sete Dias de Agonia”, de Denoy de Oliveira (Aleijadinho); “O Desespero de Verônica Voss”, de Rainer Werner Fassbinder (Carmen Miranda) e “Crônica de Amor Louco”, de Marco Ferreri (Mário de Andrade).















O cinema, agora chamado Gaumont Belas Artes, seguiu com a mesma linha de programação (o 'cinema de arte'), mas com uma nova administração, a distribuidora francesa Gaumont do Brasil Cinematográfica Ltda., que o comprou da Cia. Serrador e inaugurou o conceito de multiplex na cidade (o primeiro da América Latina). A Gaumont exibiria ali, grandes lançamentos do cinema francês.

Além da grande quantidade de salas, o Belas Artes retornou com muitos aprimoramentos: cor das salas, que variavam do verde ao vinho, do cinza ao marrom; poltronas em tecido, com encosto duplo e suporte para cabeça; sistema de som Dolby e equipamentos eletrônicos de projeção (com tecnologia europeia). A reforma geral durou seis meses e custou cerca de dois milhões de dólares.

O cinema foi interditado logo após a reabertura, em 15/06/1983, pela Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano e Comissão Especial de Uso e Ocupação do Solo, que analisaram o Código de Edificações e exigiram modificações no prédio, como a retirada de algumas poltronas das salas e melhorias na circulação interna, para uma saída mais rápida e segura do público. Com as mudanças realizadas, o cinema foi autorizado a iniciar suas atividades em outubro do mesmo ano. A capacidade do cinema diminuiu de 1436 lugares para 988.

DECLÍNIO

Em 29/01/1987, o Circuito Alvorada passou a controlar o Belas Artes e exibir filmes mais comerciais. O público fiel, acostumado a uma programação diferente, foi desaparecendo e, nos anos de 1990, o cinema entrou em crise e, sem manutenção, suas instalações se deterioram.















A distribuidora e exibidora carioca de filmes de arte Estação Botafogo passou a comandar o cinema em 27/07/2001 e o rebatizou como Estação Belas Artes. Retomaram a programação dedicada exclusivamente ao 'cinema de arte', privilegiando clássicos, filmes independentes e nacionais. Lançaram excelentes filmes e promoveram ciclos de diretores consagrados. 

No final de 2002, o grupo Estação resolveu concentrar suas transações no Rio de Janeiro, saindo do mercado paulista, onde administravam 10 salas (seis do Belas Artes, duas do Top Cine e duas do Studio Alvorada). André Sturm, cineasta e distribuidor, fã declarado do Belas Artes, procurou imediatamente parceiros para administrar o cinema (um sonho antigo de Sturm!).

Em 05/12/2002, o Viva o Belas Artes, movimento criado em sua defesa, conseguiu adiar o fechamento do cinema por mais alguns dias. Nesta data, o cinema exibiria as suas últimas sessões, por isso, integrantes do movimento penduraram faixas em frente ao prédio afirmando que o Belas Artes seria um patrimônio público da cidade e, portanto, não poderia fechar. O Viva o Belas Artes tinha o arquiteto Roberto Loeb como presidente e a jornalista Sonia Morgenstern Russo como vice.













ESPERANÇA

REINAUGURAÇÃO – CINE HSBC BELAS ARTES

André Sturm, proprietário da Pandora Filmes, junto de Fernando Meirelles (cineasta – diretor), Andréa Barata Ribeiro (publicitária – produtora) e Paulo Morelli (cineasta – diretor), ambos da produtora O2, tornaram-se sócios e, a partir de março de 2003, passaram a administrar o Belas Artes, evitando assim o seu fechamento. Renegociaram o aluguel do imóvel e, em dezembro, assinaram uma parceria com o banco HSBC, que acrescentou seu nome ao cinema, dando início a uma reforma total do complexo. "Hoje, com a nova parceria, estou realizando o sonho de viabilizar o projeto com sócios que têm interesses comuns", diz Sturm.

A reinauguração do cine HSBC Belas Artes aconteceu em 28/05/2004, às 20h30, com a superlotação de todas as salas de exibição, que projetavam, simultaneamente, a pré-estreia do filme "O Outro Lado da Rua", de Marcos Bernstein, estrelado por Fernanda Montenegro e Raul Cortês (ambos presentes no evento).














A programação, organizada pelos cineastas Sturm e Meirelles, passou a ser de 'cinema de arte' e filmes comerciais de qualidade, mesclados com filmes nacionais, clássicos e outros raros e inéditos no país como, por exemplo, o argentino “Histórias Mínimas” (2002), de Carlos Sorín, exibido na semana da inauguração. 

“Um cinema para quem gosta de cinema, para cinéfilos radicais, não tanto para quem prefere pipoca e shopping”, explicou Meirelles.

Dentro da programação, entre 6 a 8 filmes em cartaz, havia sempre um brasileiro, além disso, as salas recebiam mostras especiais e, uma vez por mês, o famoso Noitão, que exibia filmes na noite de sexta até o início da manhã de sábado (sempre com um filme surpresa). Umas das características da programação era atrair grande quantidade de público para filmes considerados 'pouco comerciais', como por exemplo, o filme francês “Medos Privados em Lugares Públicos”, de Alain Resnais, que ficou em cartaz por cerca de três anos.

Duas reformas, projetadas pelo arquiteto Roberto Loeb e Alexandre Toro (responsável pela comunicação visual), deixaram o hall de entrada e os corredores mais espaçosos. Em cada andar, um lobby com bar e bombonière. No 1º andar, uma grande janela, com vista panorâmica para a Rua da Consolação e no térreo, quatro novas bilheterias (e sem vidros!). Novas tecnologias foram instaladas, como novas lentes de projeção e sistema de som mais moderno. Foi instalado também, um elevador de acesso para deficientes físicos. Devido às novas poltronas, a capacidade total do cinema passou a ser de 1040 lugares: salas Aleijadinho (154); Cândido Portinari (245); Carmen Miranda (97); Mário de Andrade (88); Oscar Niemeyer (163); e Villa-Lobos (293 lugares).




























Programação de filmes na semana de inauguração: “O Herói da Família”, “O Dia Depois de Amanhã”, “Cronicamente Inviável”, “Quanto Mais Quente Melhor”, “As Bicicletas de Belleville”, “O Outro Lado da Rua”, “Viva Voz” e “Histórias Mínimas”.

O POLÊMICO FECHAMENTO

Em março de 2010, o banco HSBC retirou o patrocínio do Belas Artes. André Sturm, proprietário do cinema, iniciou uma mobilização para conseguir novos patrocinadores, pois os valores arrecadados com as bilheterias não eram suficientes para manter o complexo de seis salas funcionando. André Sturm, proprietário do cinema declarou na época: 

“Nosso problema é uma equação econômica. Em um cinema de shopping, o aluguel equivale a cerca de 10% do faturamento. Já o nosso, em torno de R$ 60 mil, chega a 25%. As contas não fecham. Da renda de um filme, 50% fica com a distribuidora. Outros 10% vão para os impostos – fora, depois, o imposto de renda, o IPTU...”

Mas, mesmo com dificuldades e sem patrocinío, o Belas Artes continuou exibindo filmes.

Iniciou-se um dramático processo de renovação do contrato de aluguel entre o proprietário do prédio, Flávio Maluf e o dono do cinema André Sturm. Flávio Maluf queria um reajuste no valor do aluguel que, segundo ele, estava muito defasado e Sturm, acertando uma parceria com novos patrocinadores, se comprometeu a pagar um valor maior.

Em 30/12/2010, às vésperas de assinar um novo contrato de aluguel, Sturm recebeu uma notificação judicial para que entregasse o imóvel até fevereiro. Sturm havia conseguido o apoio de três empresas dispostas a patrocinar o Belas Artes. Flávio Maluf recusou uma oferta de aluguel acima do valor anterior (com garantia de pagamento por cinco anos, mais correção anual) e pediu a devolução do prédio do cinema.

Em janeiro de 2011, o Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) e o CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) abriram processos de tombamento do prédio do cine Belas Artes. Iniciou-se uma avaliação sobre a sua relevância no conjunto de edifícios de arquitetura moderna nos anos 1940 e 1950, na caracterização urbanística da área da Rua da Consolação e da Avenida Paulista. Analisando também, a necessidade de se preservar a arquitetura original do antigo cine Trianon (precursor do Belas Artes), obra de 1956, do arquiteto de origem italiana Giancarlo Palanti (1906-1977). Com a abertura dos processos, o proprietário do imóvel ficou obrigado a pedir autorização para qualquer alteração que pretendesse realizar no prédio.

O anúncio do fechamento do Belas Artes desencadeou inúmeras manifestações populares, entre passeatas, criação de blogs e páginas em redes sociais, além de abaixo-assinados físicos e eletrônicos com o registro de cerca de 28 mil adesões. Paralelo a isso, ocorreram manifestações de funcionários do cinema e protestos de cineastas e críticos. Contudo, nada impediu que o Belas Artes fechasse as portas em 17/03/2011.

André Sturm chegou a visitar imóveis no centro da cidade para alugar e abrir um novo cine Belas Artes, mas desistiu, acreditando que o processo de tombamento pudesse reverter a situação, mesmo após o fechamento.

Depoimento do cineasta Carlos Reichenbach (1945-2012): 

“Cada cinema de rua que fecha é o mesmo que uma biblioteca desativada ou uma praça pública depredada. Seja em São Paulo, ou pior ainda no interior, equivale a necrose da artéria da vida social da aldeia. Não vejo paliativos para ‘salvar’ patrimônios culturais enfermos e/ou ameaçados; a solução será sempre extrema. Tombamento já!”.

17/03/2011
AS ÚLTIMAS SESSÕES

O último dia de funcionamento do Belas Artes teve uma programação especial com clássicos do cinema, batizada de A Última Sessão do Cinema: “La Dolce Vita” (Federico Fellini, 1960), “No Tempo do Onça” (Irving Brecher, 1940), “O Leopardo” (Luchino Visconti, 1963), “O Joelho de Claire” (Eric Rohmer, 1970), “O Águia” (Clarence Brown, 1925) e “Queimada!” (Gillo Pontecorvo, 1969). As sessões estiveram lotadas e muitos frequentadores tiraram fotos para guardar de recordação.

No dia seguinte, o cinema começou a ser desmontado. Equipamentos das salas de projeção foram doados à Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA) e as poltronas de veludo, vendidas. O prédio vazio e fechado por meses foi alvo de pichadores.

















O processo de tombamento do prédio do Belas Artes foi negado pelo Conpresp (órgão municipal) em 27/09/2011 e, também, pelo Condephaat (órgão estadual) em 28/11/2011, permitindo que o dono alugasse o imóvel. O prédio teve a fachada e seu interior modificados durante décadas, o que dificultava as chances do chamado tombamento material, muito menos o imaterial, que seria a atividade de cinema do Belas Artes, também de difícil regulamentação.

Em 19/12/2011, a Justiça exigiu que os processos fossem revistos, acolhendo um pedido do Ministério Público Estadual, que fora acionado pelos defensores do cinema. Na decisão, o juiz Jayme Martins de Oliveira Neto e o promotor Washington Luís, da 13ª Vara da Fazenda Pública, afirmaram haver indícios de que os órgãos municipal e estadual não observaram 'procedimentos necessários e legais ao exame da qualidade cultural do imóvel'. Um novo estudo técnico foi iniciado e, mais uma vez, o proprietário foi impedido de alugar o imóvel, além disso, a liminar expressava que qualquer alteração e descaracterização do prédio, implicariam em multa de R$ 100 mil por dia ao dono.

O vereador Eliseu Gabriel criou a CPI Cine Belas Artes, aprovada e instalada na Câmara Municipal de São Paulo, em 11/04/2012. A comissão formada por sete vereadores, tendo como relator, o vereador Floriano Pesaro, passou a discutir e apurar a regularidade dos processos de tombamento e a função social do prédio do cine Belas Artes.

Uma grande conquista foi anunciada em 15/10/2012: a fachada do cinema e sua entrada (mais o recuo interior de 4 metros a partir da fachada) são tombadas pelo Condephaat. Um grande passo para o possível retorno do cinema, já que a medida dificultou que o dono alugasse o imóvel para outros fins. O conselho determinou ainda, que a minuta de tombamento deveria contemplar 'elementos na calçada e fachada que remontem à memória do cinema, a fim de garantir o registro permanente da memória', divulgou o Condephaat.

O FESTEJADO RETORNO

A tão esperada volta do cine Belas Artes foi finalmente anunciada, na tarde de 28/01/2014. Os atores Alessandra Negrini e Marcelo Médici abriram a cerimônia realizada na Praça da Artes, centro de São Paulo, onde foi assinado o acordo entre a Prefeitura de São Paulo, os patrocinadores Caixa Econômica Federal e Grupo Caixa Seguros, o exibidor e programador André Sturm e o proprietário do imóvel Flávio Maluf. O evento contou com as presenças de Fernando Haddad (então Prefeito de São Paulo), Juca Ferreira (então Secretário Municipal da Cultura), Marcelo Araújo (então Secretário Estadual da Cultura), entre outros.

Integrantes do Movimento Cine Belas Artes, criado após o fechamento do espaço, estiveram presentes na cerimônia para comemorar o projeto de reabertura do cinema.



































O cinema, passou a se chamar oficialmente Cine CAIXA Belas Artes e a Prefeitura de São Paulo passou a contribuir com programas culturais associados ao Belas Artes, como o Escola Vai ao Cinema, destinado aos estudantes de escolas públicas e privadas, com sessões matinais especiais, além de programas que estimulam e ampliam o acesso ao cinema. 

Vamos modernizar e colocar novos equipamentos, mas não mudaremos a programação. O Belas Artes terá a mesma cara com a qual as pessoas estão acostumadas e gostam, disse o proprietário do cinema, André Sturm.















O cinema foi todo reformado com projeto do arquiteto Roberto Loeb. Suas instalações foram modernizadas com acessibilidade para portadores de necessidades especiais melhorada e novas poltronas. Os sistemas elétrico e de ar condicionado foram completamente renovados. O Belas Artes voltou a funcionar efetivamente em 19/07/2014. Três salas foram reabertas (2, 3 e 4) e, dias depois, as outras duas. 

Por Roney Domingos (G1) - 19/07/2014

O Belas Artes passou a promover 
meia-entrada às segundas-feiras para trabalhadores e, na programação de filmes, privilegiar o cinema nacional e, também, o cinema paulista, exibindo filmes produzidos com os incentivos da Spcine. Além disso, o tradicional Noitão retornou com muito sucesso! Maratona de filmes realizada durante a madrugada, sempre com uma temática diferente.

O BELAS ARTES, NOVAMENTE, EM BUSCA DE UM NOVO PATROCINADOR

O contrato de patrocínio com a Caixa Econômica Federal venceu em 31/12/2018 e acabou não sendo renovado. A partir de 28/02/2019, o cinema voltou a se chamar Cine Belas Artes.

Em 17/03/2019, cinéfilos e produtores da área do cinema compareceram com balões de coração para demonstrar o amor ao 'Belas'. Movimento popular que ajudou na procura de soluções para manter as portas do Belas Artes abertas. Defendia sua importância, não apenas como um patrimônio afetivo, mas como um dos mais importantes pontos de encontro artístico e intelectual da cidade de São Paulo. O evento contou com o apoio e organização do grupo de cinéfilos chamado Vamos ao Cinema Juntos?, que se reúnem, semanalmente, para ir ao cinema, discutir filmes, conversar e fazer novas amizades.



Em 02/05/2019, André Sturm, junto de sua sócia, a cineasta e empreendedora cultural Paula Trabulsi, anunciou o novo patrocinador do Belas Artes, a Cerveja Petraatravés de um contrato de 5 anos. 
O cinema passou a se chamar Petra Belas Artes.

Em setembro de 2023, o Grupo Petrópolis anunciou que não renovaria o patrocínio da Cerveja Petra com o cinema. Mas, desta vez, o Cine Belas Artes, conhecido como o CINEMA DE RUA MAIS AMADO DE SÃO PAULO, logo conseguiu um novo patrocinador. 

O Cine Belas Artes anunciou, em 03/01/2024, uma parceria com a REAG Investimentos, que patrocinará o cinema, que agora passa a se chamar REAG Belas Artes. O período de vigência do contrato de naming rights é de cinco anos, com a possibilidade de extensão.

CENTRO CULTURAL

Em Maio de 2024, o REAG Belas Artes passou a ser, oficialmente, um Centro Cultural, instituição sem fins lucrativos. Além das exibições cinematográficas, o prédio passou a ter atividades como shows, exposições, exibição de filmes com trilha sonora ao vivo, debates, peças de teatro e feiras.

A reinauguração do espaço como Centro Cultural aconteceu na noite do dia 30/04/2024, com a renomeação de três das seis salas de cinema do histórico cinema. A sala 4 passou a se chamar Helena Ignez, em homenagem à atriz dos cinemas Novo e Marginal. A sala 5 homenageia o crítico de cinema Luiz Carlos Merten, e a 6, Léo Mendes, Gerente de Inteligência do Belas Artes Grupo, empresa de André Sturm. 

Curiosidade: Léo Mendes iniciou sua experiência cinematográfica como Gerente e Assistente de André Sturm na programação de filmes do extinto Cineclube Oscarito, entre 1989 e 1991. 

Na mesma noite, André Sturm anunciou a doação do cinema ao Centro Cultural, que foi criado por um grupo de colaboradores do Belas Artes e que será coordenado por Juliana Brito, Diretora Executiva no Belas Artes Grupo, que une as empresas REAG Belas Artes, Pandora Filmes e Belas Artes À LA CARTE.

André Sturm escreveu em sua rede social: 
Noite muito especial. Celebrações e homenagens. Em um novo tempo. Um grupo de colaboradores do Belas criou um Centro Cultural e eu doei o cinema para eles. Uma nova geração de cinéfilos e uma entidade sem fins lucrativos. São 20 anos cuidando deste filho. Sensação de dever cumprido!





"Dedico este texto às duas pessoas mais importantes da história deste 'templo do cinema', o criador da identidade cultural do Belas Artes, Dante Ancona Lopez e a aquele que frequentou o cinema na infância e que é um verdadeiro herói na preservação deste patrimônio cultural da cidade, André Sturm" 
- Antonio Ricardo Soriano

REAG BELAS ARTES
Rua da Consolação, 2423 - Consolação
São Paulo - SP
Telefone:  (11) 2894.5781

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BIBLIOGRAFIA DO SITE

PRINCIPAIS FONTES DE PESQUISA

1. Arquivos institucionais e privados

Bibliotecas da Cinemateca Brasileira, FAAP - Fundação Armando Alvares Penteado e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - Mackenzie.

2. Principais publicações

Acervo digital dos jornais Correio de São Paulo, Correio Paulistano, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo.

Acervo digital dos periódicos A Cigarra, Cine-Reporter e Cinearte.

Site Arquivo Histórico de São Paulo - Inventário dos Espaços de Sociabilidade Cinematográfica na Cidade de São Paulo: 1895-1929, de José Inácio de Melo Souza.

Periódico Acrópole (1938 a 1971)

Livro Salões, Circos e Cinemas de São Paulo, de Vicente de Paula Araújo - Ed. Perspectiva - 1981

Livro Salas de Cinema em São Paulo, de Inimá Simões - PW/Secretaria Municipal de Cultura/Secretaria de Estado da Cultura - 1990

Site Novo Milênio, de Santos - SP
www.novomilenio.inf.br/santos

FONTES DE IMAGEM

Periódico Acrópole - Fotógrafos: José Moscardi, Leon Liberman, P. C. Scheier e Zanella.

Fotos exclusivas com publicação autorizada no site dos acervos particulares de Joel La Laina Sene, Caio Quintino,
Luiz Carlos Pereira da Silva e Ivany Cury.

PRINCIPAIS COLABORADORES

Luiz Carlos Pereira da Silva e João Luiz Vieira.

OUTRAS FONTES: INDICADAS NAS POSTAGENS.