Por Vittorio Tamburini - Consultor de Marketing.
Eu digo sempre que seria maravilhoso, de vez em quando, poder entrar naquele túnel do seriado de TV “O Túnel do Tempo” e voltar, mesmo que só por um instante, até a minha infância e pré-adolescência. Puxa! Como seria bom!
Minha família morava em Higienópolis, subúrbio da Zona Norte do Rio de Janeiro. Aos domingos, tínhamos que ir à igreja, mas sempre íamos mais cedo do que nossos pais. Mas não era todo domingo que chegávamos até igreja, pois tínhamos muitas tentações pelo caminho, como a pelada com os amigos de rua e as matinês de domingo do cine Palácio Higienópolis, com filmes de Tom & Jerry e do Tarzan (com Johnny Weissmulller ou Lex Barker). Logicamente, que muitas vezes acabávamos não indo para a igreja...
Não perdíamos nenhuma das matinês de domingo, nunca! O Palácio Higienópolis, com mil lugares, ficava sempre cheio e a garotada fazia sempre a maior algazarra. Era realmente muito divertido!
Como eu morava na Zona da Leopoldina, existiam vários cinemas que frequentávamos na região de Higienópolis até na Penha.
Os cines Melo e Paraíso ficavam em Bonsucesso. O Melo exibia lançamentos, mas o cine Paraíso só reprisava filmes antigos. O cine Rio Palace, em Ramos, era muito bonito, mas a programação não era tão boa e o cinema realmente nunca deslanchou. Do outro lado da linha do trem, tinha o cine Ramos, que também como o cine Paraíso, só exibia reprises.
Mas, o melhor cinema da Vila Leopoldina era, na minha opinião, o cine Mauá, que tinha um teto azul claro cheio de estrelas, que se acendiam entre as sessões. Era, realmente, muito bonito e de muito bom gosto! Pertencia ao Circuito Marc Ferrez & Filhos.
Já os cines Rosário e Santa Helena, em Olaria, só exibiam lançamentos.
O cine Leopoldina se caracterizava, quase que exclusivamente, por exibir reprises de filmes antigos, e eu como adorava rever "As Loucas Aventuras de Rabbi Jacob”, “A Noviça Rebelde”, “Ben-Hur”, “Hercules” e até "Horizonte Perdido” anos mais tarde, não perdia uma sessão por lá.
O último dos cinemas na Vila Leopoldina, que frequentei muito quando mudamos para a Penha, foi o cine São Pedro, que nos seus tempos áureos, sempre exibia os grandes lançamentos. Era um grande cinema com mais de 1300 lugares. Assisti lá "As Sandálias do Pescador".
Naquela época, as maiores companhias americanas ainda dividiam o seu produto entre os diferentes circuitos de exibição, o que não ocorre mais hoje em dia. Luiz Severiano Ribeiro, Livio Bruni, Marc Ferrez & Filhos, Roberto Darze e a própria Metro-Goldwyn-Mayer eram, na época, os principais circuitos cinematográficos do Rio de Janeiro.
Ter comentado um pouco sobre as antigas salas de cinema me fez voltar no tempo, um tempo que eu me recordo com carinho e com muita alegria no coração.