Por Marcelo Libeskind - Engenheiro Civil
Nasci em 1960, uma era antes da TV colorida, que só surgiria em 1972, um
período no qual o cinema assumiu um papel fundamental no entretenimento e na
cultura popular.
Entre os cinemas que marcaram minha vida, o cine Guarujá foi especial durante as férias na minha infância.
Localizado no Guarujá, litoral paulista, frequentei de 1963 até 1970.
Comparado com seus primos paulistanos, era pequeno e antiquado, mas
possuía um astral maravilhoso de férias, repleto de amigos e diversão.
Um segurança, carinhosamente apelidado de 'Boi', por sua estatura grande e
forte, tentava manter a ordem entre a garotada travessa.
Lá, assisti a todos os clássicos da Disney, desde "Bambi" até "20.000Léguas Submarinas", musicais como "Sete Noivas para Sete Irmãos", filmes de ação como "As Aventuras de Flash Gordon" e outras relíquias
soterradas pelas areias do tempo.
Inaugurado em 1961 e projetado pelo meu pai, o arquiteto David Libeskind, o cine Astor era de
grande significado para mim e, rapidamente, se tornou meu favorito. Reconhecido
por seu conforto excepcional, qualidade de imagem e acústica, destacava-se com
seus 1000 assentos. As lembranças de subir a rampa sinuosa, que na minha
infância parecia imensa, de entrar na sala que parecia se estender ao infinito
e de me acomodar nas poltronas, tão largas quanto uma Romiseta, são
inesquecíveis.
Com a chegada das novas tecnologias, as salas de cinema tiveram que se
adaptar aos novos tempos. No entanto, para mim, o cinema sempre será
insubstituível, com sua pipoca salgada e sem manteiga, para não fazer lambança
nas cadeiras.
Abril/2024
Foto do cine Guarujá : Arquivo Histórico do Guarujá.