25 ANOS DO ESPAÇO ITAÚ AUGUSTA!
(Antes, cine Majestic)
Ele é uma enciclopédia ambulante, cheio de histórias e fatos para contar das mais de duas décadas cuidando das famosas salas e do saguão do Espaço Itaú de Cinema, na Rua Augusta paulistana. Numa visita cotidiana, Adhemar Oliveira distribui sorrisos e simpatias para todos os funcionários e para nossa equipe, que ele recebe para contar um pouco sobre seu orgulhoso trabalho de muitos anos com o cinema. Adhemar é um dos responsáveis pelo famoso roteiro de cinema alternativo do Espaço Itaú de Cinema da Rua Augusta, em São Paulo.
(Antes, cine Majestic)
Ele é uma enciclopédia ambulante, cheio de histórias e fatos para contar das mais de duas décadas cuidando das famosas salas e do saguão do Espaço Itaú de Cinema, na Rua Augusta paulistana. Numa visita cotidiana, Adhemar Oliveira distribui sorrisos e simpatias para todos os funcionários e para nossa equipe, que ele recebe para contar um pouco sobre seu orgulhoso trabalho de muitos anos com o cinema. Adhemar é um dos responsáveis pelo famoso roteiro de cinema alternativo do Espaço Itaú de Cinema da Rua Augusta, em São Paulo.
Exibidor, distribuidor e empresário, até chegar ao Espaço Itaú, Adhemar esteve à frente de
diversos cineclubes e salas no Rio e São Paulo, ajudando a fomentar um tipo de
cinema de rua, alternativo e proeminente na produção cinematográfica local,
como ele acredita ser o Espaço
Itaú da Augusta.
“Este
cinema foi o espaço responsável pela retomada de colocar os filmes brasileiros
em cartaz”, diz Adhemar, sem meias
palavras, ao lembrar-se do impacto no roteiro cultural com o surgimento da sala
em 1993, época que a produção cinematográfica estava “alijada”. “Em 1995
‘Carlota Joaquina’ ficou 6 meses, um sucesso. Era ‘Carlota Joaquina’, ‘Sábado’
e ‘Vem Dormir Comigo’, formando uma frase engraçada no letreiro grande que
tinha na rua (risos)”.
Na época com o apoio do banco Unibanco, que veio a
ser fundido com o Itaú em 2008, Adhemar nota como o patrocínio deixava os
exibidores à vontade para apostas - e na época o cinema nacional era um nicho a ser
redescoberto. “Em 94 nós apresentamos oito filmes brasileiros para
100 mil espectadores. Em 95 fizemos 300 mil espectadores só com os brasileiros,
uma retomada que colocou o cinema brasileiro de pé. E ganhamos dinheiro com
isso!”, gaba-se. “Nosso cinema
era considerado ótimo, e essa aliança com os filmes brasileiros, que não eram
considerados ótimos à época, fez a dialética da coisa: um cinema bom jamais
apresentaria um filme ruim, então reinventamos a apreciação desses filmes”,
diz Adhemar, explicando como a vitrine do então Espaço Unibanco trouxe
olhares e público para a produção local.
Inaugurado em 6 de outubro de
1993 com o filme “O Banquete de
Casamento”, de Ang Lee, como Espaço Banco
Nacional de Cinema, a sala ocupou o ponto do antigo cine Majestic, de sala única e tela gigante - a “cinerama”, de 22 metros. Por seu trabalho em cineclubes, desde os tempos de
estudante em Jaboticabal, interior de SP, na USP, e em suas atuações na Estação
Botafogo do Rio, Adhemar foi escalado pelo Banco Nacional,
que veio mais à frente ser assimilado pelo Unibanco, a bolar um novo ponto
cultural na cidade.
“Eu estava procurando um lugar,
aí desci aqui na Augusta quando notei a correria de um assalto a um ônibus”, relembra Adhemar, com mais uma de suas ótimas
histórias. “Passado
o burburinho, vejo uma placa ‘aluga-se’ num cinema velho no outro lado da rua.
Dei um dinheiro para o cara que tomava conta e peguei o telefone direto do
proprietário. Aqui era cheio de prostitutas na porta, visitamos, e acabei
fechando com eles”.
Adhemar destaca os acertos do novo cinema na
desprezada Rua Augusta dos anos 1990. “O que marcou - e marca até hoje - foi o saguão entre as salas. Antes o Majestic tinha a entrada quase na calçada direto pra sala. Nós abrimos um
espaço como uma praça, onde cabem 500 pessoas
circulando, para eventos e recepções. É a alma do nosso cinema esse espaço.
Dois meses depois da abertura o investimento do banco estava pago, um mês
depois, explodiu. Era um cinema moderno, equipamento de primeira, com
programação alternativa”.
O Espaço
Banco Nacional, que veio a se tornar Espaço Unibanco e hoje Espaço
Itaú, é famoso ponto de encontro da moçada e da intelectualidade
paulistana, tanto que suas exibições de filmes alternativos, documentários e
brasileiros, além de eventos gerais, geram filas que são tão famosas quanto às
próprias exibições. “Lembro nos anos 90 quando juntamos para uma mesa Chico
Buarque, Saramago e Sebastião Salgado, na Sala 1. Transmitimos no saguão, nas
outras salas, e na hora de ir embora foi uma confusão! Como fazia pra tirar
eles pela única saída?”, diverte-se.
A alma de “cineclube”, mas com um olhar sagaz para
os negócios e um espírito de redemocratização do cinema nacional são outros
aspectos destacados por Adhemar, que é sócio dessa e de outras salas até hoje,
funcionário que “faz
tudo, até a limpeza!”. Outro marco de seu trabalho com o cinema foi
o desenvolvimento da sala “Arteplex”, que teve estreia no Espaço
Unibanco do Shopping Frei Caneca,
misturando filmes do roteiro alternativo e sucessos blockbusters todos
no mesmo ambiente de exibição. “A gente era visto como cinema de arte, uma coisa ilhada.
Com o Arteplex, a gente explodiu ainda mais, pois tratamos o cinema de uma
forma mais abrangente”.
O exibidor conta que percebeu que havia
similaridades entre o circuito alternativo e o comercial com o filme “Star Wars”, um clássico do cinema que
mesmo amantes do roteiro cinéfilo iam acabar assistindo uma hora. “O pessoal ia
ver o ‘Star Wars’ em outra sala, e eu ia perder dinheiro! Pensei que tinha que
renovar a plateia, o pai trazer o filho adolescente. Aí abri o Arteplex no Frei
Caneca misturando esses dois espíritos e foi um sucesso, 45% de taxa de
ocupação!”, celebra, reforçando como o Espaço da Augusta é que ajudou a gerar esse
e outros desdobramentos do roteiro cinematográfico da cidade. “Esse cinema, mais do que qualquer outro,
funcionou como uma fábrica: tanto de projetos, como de pensamento…”.
“Quase todos os cineastas da nova geração (ele cita Beto Brandt, Tata Amaral, Paulo
Caldas, e etc.), nasceram aqui. E é assim que anda”. Adhemar diz que uma das coisas gratificantes do
seu trabalho é, aos 60 anos, sentir-se novamente jovem quando um cineasta de 18
anos vem apresentar seu filme para ele, já que é sabido que todo produtor de
cinema no Brasil adoraria ver sua história no Espaço Itaú da Augusta - “de preferência na Sala 1!”.
“Criou-se
um mito, essa coisa de que se passa aqui, que o filme é bom (não necessariamente,
depende do filme!). E isso por causa da nossa iniciativa de fundar lá em 1993,
1995, uma vitrine, uma aura para os filmes brasileiros, quando eles estavam
prejudicados”. Adhemar conta a divertida
história de que, na primeira entrevista sobre a fusão de Itaú e Unibanco, uma
das primeiras perguntas terem sido “cliente Itaú também vai pagar meia?”, fato
que provoca mais uma entre tantas gargalhadas nesse veterano exibidor de alma
jovem.
“Desde a época do Nacional o
cliente paga meia e pode comprar o ingresso com cartão de crédito, inovações
que são nossas”, conta. “E isso é parte do papel do cinema, que é
criar. Passar filme qualquer um passa, criar uma programação depende muito de
ter uma boa antena”.
Texto da assessoria de imprensa do Espaço Itaú de Cinemas.
“Se ainda temos cinemas de rua em São Paulo,
devemos isso ao Adhemar Oliveira. Ele entrou para a história da exibição
cinematográfica brasileira, assim como Francisco Serrador, Paulo Sá Pinto e
tantos outros empresários exibidores, corajosos e visionários”. – Antonio Ricardo Soriano